Como devo falar de morte com as crianças?

A morte é um assunto difícil de entender até para os adultos e para as crianças é ainda mais confuso. Por isso, elas precisam de todo o apoio e sinceridade nos momentos em que devem encarar a perda de uma pessoa próxima.
Não existe idade certa para tocar no assunto, o ideal é que se espere a necessidade, seja pelo falecimento de alguém conhecido ou por curiosidade da criança.

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As crianças de até três anos não conseguem perceber claramente que a morte é definitiva e irreversível.

 

Com 4 anos as crianças começam a entender as relações da vida e a ter acesso maior às informações.

 

A partir dos 5 anos iniciam-se as perguntas sobre morte, a criança vê, escuta e sabe o conceito do que é acabar.

 

Após os 7 anos os pequenos passam a entender o final da vida, seja ela de uma pessoa querida ou de um animal de estimação, que passa a ser percebida como algo ruim ou angustiante.

 

Na idade de 12 anos é que todo o processo de morte pode ser entendido pela criança.

 

Uma oportunidade para começar a falar da morte e ajudar a criança absorver isso como natural é a morte de uma plantinha ou até mesmo conversar sobre o animalzinho de estimação que ficou doente e morreu.

 

Outra forma de expor esse acontecimento  é através de livros, que podem auxiliar os pais na hora de conversar com as crianças sobre a morte, contendo palavras simples e de fácil assimilação por parte das crianças.
Não se pode forçar a criança ir a velórios ou enterros, mas elas se beneficiam de participar com os adultos deste ritual de passagem.

É importante explicar direitinho o que é um velório e um enterro e perguntar se ela quer ir.Os rituais servem para que todos vivenciem melhor a despedida, inclusive os pequenos.

E não tenha medo pois velórios e enterros não traumatizam as crianças.

 

Não esconda nada, muito menos invente histórias para poupá-los, pois frases como “ele dormiu para sempre”, “descansou” ou “fez uma longa viagem” só vão confundir a cabecinha deles.

 

O melhor a se fazer é deixar a criança perguntar o que quiser, sendo importante que o adulto responda a todas as perguntas com palavras simples e frases curtas para que a criança possa entender de forma clara o processo natural da morte.
Demonstre que, como ela, você também está sofrendo e sente saudades. Deixe que a criança fale sobre suas emoções e, acima de tudo, dê a ela muito apoio e acolhimento.

 

Crianças costumam apresentar mudanças de comportamento depois que recebem a notícia da morte de alguém com quem convivem.

Além do choro e da raiva, alguns começam a ir mal na escola, ficam hiperativos ou fazem xixi na cama.

 

Como acontece com os adultos, a memória afetiva nunca vai desaparecer, mas depois de certo tempo, acontece o chamado luto saudável, e a partir disso é possível se lembrar do ente querido sem sofrimento.

 

Nesse processo algumas crianças tem dificuldade em elaborar o luto, devido a isso os pais devem considerar  e aceitar  a ajuda de um psicólogo nesse momento tão importante, que realizará um trabalho com a criança , buscando que  ela  lembre do ente querido de forma leve e saudável, voltando assim a viver com qualidade de vida.

 

 

 

Dra. Thaiane de Fátima Barbosa
Psicóloga Cognitivo Comportamental
CRP 06/105161