O desfio de cuidar de pais idosos

No início da vida, o bebê conta com a proteção e cuidados dos pais ou responsáveis por ele.

O ser humano depende disso para sobreviver e se desenvolver na parte física, emocional, afetiva e socialmente.

Com o passar dos anos os papéis se invertem, os pais envelhecem e precisam dos cuidados e da atenção dos filhos.

Com isso pode surgir uma difícil aceitação do processo de envelhecer que causa desconforto e embates na família.

Os pais passam a ter valores diferentes, manias e dificuldade de aceitar novas formas de viver, passando a apresentar alguns comportamentos de resistência, que atrapalham sua qualidade de vida e isso faz com que os filhos ou cuidadores tenham que trabalhar sua paciência e buscar estratégias comportamentais para lidar da melhor forma com a situação.

Alguns comportamentos de resistência dos idosos são:

Não querer tomar banho e se recusar ter os cuidados com a higiene

Se recusar a seguir determinada dieta, não se alimentando de uma forma saudável

Se recusar a ir ao médico ou tomar remédios conforme a prescrição

Não levar em conta a opinião dos outros

Insistir em realizar tarefas que coloquem sua segurança em risco

O diálogo calmo e sem imposições pode facilitar a aceitação da nova realidade do idoso e juntos, pais e filhos podem encontrar soluções para as novas necessidades, driblando a teimosia, sem criar situações estressantes.

Cabe aos filhos procurar estar presente no dia a dia dos pais demonstrando sempre carinho e preocupação, fazer atividades juntos, como levar as compras, cozinhar ou distribuir tarefas possíveis para eles na arrumação da casa. Isso faz com que esses pais se sintam pertencendo a vida dos filhos, como também resgata a autoestima deles.

Quem cuida não deve abdicar totalmente de sua vida pessoal, é preciso pedir ajuda a familiares (outros filhos se houver) e vizinhos, distribuir tarefas, compartilhar responsabilidades e quando for possível, contratar um profissional para acompanhar o idoso pode ser uma solução.

Lembrando que os cuidados práticos são importantes, mas não podemos esquecer dos cuidados afetivos que é: bater papo, assistir um programa de televisão  juntos, ouvir as queixas, passear, ser solidário.

Muitos familiares acreditam que basta colaborar com alguma quantia em dinheiro para pagar um cuidador, e terão feito sua parte. Isso é um engano, já que a presença de pessoas queridas é um excelente remédio contra a solidão na velhice, pois quando um idoso se sente querido, ele certamente é menos teimoso, menos ranzinza, terá menos probabilidade de desenvolver doenças emocionais como a depressão e será mais cordial e compreensivo.

Todos nós vamos envelhecer e precisar de cuidados. Quanto mais saudável for a relação entre pais e filhos ao longo da vida, quanto mais intimidade, cumplicidade, respeito e afeto houver, mais fácil será  essa fase da vida .

Quanto mais cada um der dar o melhor de si, procurando cultivar a paciência, o bom humor e a atenção às necessidades emocionais de nossos pais, esse momento da vida não precisará parecer um fardo para quem cuida, nem um constrangimento para quem é cuidado.

É nas atitudes que podemos demonstrar o amor e retribuir o zelo com o qual também fomos cuidados quando crianças.

 

Dra. Thaiane de Fátima Barbosa
Psicóloga Cognitivo Comportamental
CRP 06/105161